segunda-feira, 23 de novembro de 2015

crescem-me asas
nas costas
e isso dói.
meus ossos
se mudaram

a coluna se apruma

no breu do Universo
ermo

espero e seguro
meu rosto
nas mãos
meu ventre
inundado
de pavor
se desabita

meus olhos
vomitam
em minhas mãos
o que não podem ver
os monstros
todos me carregam
num rito
a contragosto

hades me persegue
me dá de comer disfarçado
e diz que é bom, e é bom?

minhas asinhas frágeis
estou na floresta
e ela:
VAI ME ENGOLIR INTEIRA

eu sou só uma garota

eu sou somente uma garota
a cidade está em guerra
cresçam sem demora

chove fora de casa
os bichos vem beber água
na minha boca
em cima da árvore
as folhas respingam

no breu, dentro de mim
eles nadam, eles vivem
meu camafeu, o salve
não sei nadar

se vire
estou velha
mas eu quero
eu vou
minhas asas

doem

ser livre
ser fera
mas eu espero
eu dou
minha jaula

voem

se aprume
a centelha
é sincera
eu voo
minha casa

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