domingo, 24 de maio de 2020

Dança a Duas


Ela é meu par
Mas seu toque
é proibido agora...

Ela é meu par
Mas seu toque
é proibido
nestes dias sem libido
a gente tenta se achar.

Busco seu cheiro no tempo,
Seu contrapeso a rolar
neste chão de desespero.
Partida de um corpo
sem terra, da beira me esmero:
Seguir viva...

Danço a Duas:
Sozinha não sei
ao certo me expressar
Falta a troca, falta o toque, falta seu jeito de olhar

Eu daqui me abraço no Edredon e em Marinês
na tentativa de alcançar
bem na ponta dos pés
aquela energia que bate
Na hora do nosso forró
Ninguém tem vez

Somos só nós
Dançando juntas
Somamos na vida
De muitas mulheres

À duas, na dança
Somos muitas
Há tantas de nós
Para se expressar

Mulher vem conduzir o barco
até nesta maré de tombo torto
precisamos nos unir em distância
E seguir de vez,
Sou sim, também,
a favor do aborto.


Ela é meu par.
Contra tudo que eles dizem,
a gente muda o mundo.
Faz política com a dança,
com a língua, à duas, com o corpo todo.


quinta-feira, 21 de maio de 2020

Quarentena froids


Auto descobertas
Contos reais
Cantos de perdas
Fora das metas
Tentamos pontuar
a métrica

a vida vale mais
a hora que a morte
pulsa no cais
E o coração deriva

Equilíbrios horas ao chão, reerguidos pelo umbigo.
A gente acha dançando
o centro da questão.

Torcendo os conceitos
Ainda assim de pé
Movimento no avesso

Modas à parte,
Tensão de vetores
Asseguram os eixos.

O vazio da mente,,
Idem.

Para voar é preciso ter raízes profundas.