domingo, 31 de janeiro de 2016

Música: As Árvores Sabem

Agora
com a verdade dita
eu já
não espero mais nada
mentira,

mentiiiraaa.


a cara está amassada
a roupa está por lavar
as velas todas acesas
e é dia.

chegou a hora da estrela
o tempo de pegar estrada e ir
sem voooltaaa.

eu quero chegar em mim
mas levo a melancolia
do muuundooo...

eu vejo a paz no infinito
e subo na ponta dos pés
pra tentar tocaaar...

com a pele devia ter:
tesão.
com olhosssss dizer:
te gosto demais.

mas de manhã todas as palavras se escondem

atrás das árvores que sabem o porquê de tudo mais

e mais

meu peito
anda correndo
pra te alcançar

vê se faz
uma parada
café
pra eu te roubar

meu peito
anda correndo
pra te alcançaaar

vê se faz
uma parada
café
pra eu te roubar

30/01/2016


segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

cada ser
que passa
por mim
me toca
a existência

e nesta ponte
líquida
se faz
a vida

e escorre
de um rio
para outro
um olhar
uma emoção

e vai
para outro ser
sendo
e dessendo

o rio

em braços
em pernas
em igarapés
em veias
em corações

sangrando

em conexões
a vida
se liquefaz

e o ser
sendo
ele
sendo
próprio
e sendo
outros
e sendo
tudo

o mar o tempo o céu
relento
o breu o sol o lodo
a luz
o que é meu e é teu e não é meu e não é teu e é e não é
o nosso o todo a parte o mundo
acheiaeavazante
transbordando
sempre

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

preciso me apaixonar
e comer mais
estas coisas
normais
para se viver melhor

fico nestes detalhes
histerias capitais,
você sabe
me machucando de torpor

de castigo aqui na cama
imaginando infâmias
e negócios ilegais,
de tarde

me pego
fazendo chá
sem roupa
e penso numa noite destas
em não falar coisas banais

este cais que sempre
se muda
para longe de mim
este tanto faz
no bolso
da tua calça
da minha saia

podia ser a bola preta
me triscando num giro solto

nestes dias tão iguais
divago muito

se eu estiver assim
sem roupa
fazendo chá da tarde
você tira do bolso

um bilhete
pra mim?










de resguardo
o mar na cabeça
o vento nos pés
de ventre virado

não vejo bem
este baralho
não me diz
o que quero

me diga você
se posso
desistir e partir.


Eu quase falho,
sempre:
intempestiva.
Mas continuo,
de ventre na lida.
Aprendiz,
brincando de viver,
escorregando na lama,
curiando por aí.

Vendendo minha alma
aos bandidos da estrada
para comer amanhã cedo.


Andando à esmo,
buscando
uma cura, um lugar
para ficar.


Um dia
o orvalho vai
me beijar,
mas ninguém escapa
é certo
de suas próprias vís
ceras.

Um dia
este sangue
para de pingar,
e não me capo mais
esperta
com vicissitudes e vír
gulas.

Um dia.
o sereno vai
me encontrar,
com os lírios no campo
e este incêndio vai
ficar minús
culo.

e este pranto vai
ficar minús
culo.

eu serei minúscula
e minha paz
gran
dona
e eu mais

vai serenar
e meu ventre vai
ter mar
e meus pés descalços vão
andar
e minha mente vai
ter olhos de gavião.
a vida
é perdoar
sempre
e ser.

Somente ser.

e ser humilde
mas seguir

de frente e mais

para frente.

A vida.
é.

Se apaixonar
perdidamente
e foda-se.

e é um tédio
também
quando tenho que levantar todos os dias
com o sol

e te ver fugir escorregando
com a lua,
porra!

deus é louco
mas eu sou muito mais
ha!
porque ele me fez seu neto
e aperfeiçoei seus métodos
entre um tédio e outro
um tesão
entre um cicatriz e outra
um perdão
um tapa, um tempo
sem tímpanos
te ouço
mal

longínquo

estou só indo

me deixe

pra mata

ela sabe de mim

perdão

mas foda-se.

Você devia se apaixonar mais vezes
para ver
que a vida
ah...!
Há Vida!