quarta-feira, 29 de abril de 2020

eu não me encaixo
na sua caixa

nas minhas costas
nasceram asas

no meu coração
germinou uma flor


eu não me enquadro
na sua regra

da sua blusa
eu sou a prega

se tô no mundo
é pra voar

na minha cabeça
não ponha seu cabresto
uso a parte de trás do espelho
como lousa pra desenhar
o que a gente não vê de frente
é realidade escondida ou ficção?

você me chama de louca
mas meu ócio tem mais sanidade
que suas 12 horas de trabalho
e da minha tpm sai mais verdade
do que a água parada no iato do seu lago

pra sua cadeira meu quadril é grande,
meus pés ficam soltos, minhas costas frouxas demais pra relaxar

sou o reverso da mente, sou o inconsciente
te amedronto de noite, te ilumino de manhã
com minhas poucas palavras,
mas minhas ideias latentes
você diz que não te acompanho,
te digo: sou de uma época bem para frente.

feita do caos que formou o universo
alimento sua alma todos os dias
sou a incerteza da vida
a fresta, a entrelinha, o contorno
mas sou também o abissal
bem blazê com o entorno

não adianta dizer que sou desmedida
não tem como me medir, nem pesar
sou a frente da sua batalha perdida
e a vitória que você nega ao seu coração

não adianta fugir da partida
ela vem e eu também
nem de se ser si mesmo.
bem de perto você não admite,
mas também não cabe na régua.
e eu fico com o ônus da briga,
do azar, das lágrimas e da trégua

a onda do mar vem ligeira
quando minha lua sobe
e fica cheia
você arrasta sua asa
pro meu mar e me culpa
porque sou seu medo
e seu ego visto com lupa

não tem solução pra você
porque eu que sou a perdição
como mulher sou a que te põe fogo
derrama sua água, te deixa pronto pro jogo
dizem que sou a maldição, que comi da maçã
e abri a caixa, pandora das maldições.


mas não adianta correr,
pois não tem como
você se deixar
você é você
e não adianta procurar em outro lugar
você também não está em nenhuma caixa

o tempo e o espaço não te determinam
não percebeu que somos um desenho do futuro
desamarrando os nós do passado
em mundos perdidos?

29/04/2020






terça-feira, 28 de abril de 2020

estamos eu daqui
cantando pra mim
eco no abismo,
som de silêncio.
duas cadeiras:
uma cheia de mim,
outra de lembranças

converso com ela
ofereço café,
mas ela não quer
chamo pra uma dança
calada ela fica de noite
e de novo: dois de mim
e não me vejo,
pois espelho bom
não mora em mim mesmo

está você por aí
trocamos pela rede
mensagens em códigos
áudios silenciados
fotos com filtros
vídeos cortados

kkkkk
rente
na
loucura da gente
bju na tela do celular
abraço a almofada da sala
diálogo com meus quadros
danço com as echarpes
com as xícaras tomo chá
invento uns codinomes
para variar

mas quando bate a saudade
não há cadeira que chegue
nem mensagem que dê conta
de mensurar este sentir
que amarra as mãos
espreme a alma
como suco de limão
fica bagaço na garganta
faca no coração

não há cobrir de manta
que chegue
nem mar que comporte
tanta emoção

digo a você
hold on
pois este desespero
pode durar
um montão
dalhe meditação
chá de melissa
fazer em casa o pão.




quinta-feira, 23 de abril de 2020

Dia de uma AnalfaBite

Baixei o Zoom
dia antes do Flash: boom!
Tentei o Meet,
mas não deu match.
Chamei o Niezche,
gerou enquete.
Citando Dedéu,
Whatta porra is that?

No PC, Spotifai.
Atualizei logo Xangai.
No portugueis,
No bextagi,
up logo o ingleis.

Baixei o Santo,
deu error no manto.
Baixei a guarda
Subi os pranto
Lutei com o Jiu Jitsi
com a extensão do Chrômico
Tik Tak toka,
help me, now ir never, Life!
Onde fica o botão do alive?


sábado, 18 de abril de 2020

gosto muito do meu silêncio
do pulsar do meu coração
de deitar o corpo e a ter mente
em branco, do deserto em mim

De andar descalça nesta areia infinita
sem palavras
mas escutar o sol falar
cheirar o vento da tarde
beijar o horizonte com os olhos.
bem fechados, para enxergar melhor

gosto da solidão
de me esconder em telhados e cavernas
de me perder em ideias pequenas
na medida da formiga do chão

o silêncio canta a paz
a solidão me aconchega nos braços

VAZIO: a eternidade que me ilumina
OS ABISMOS, AS LACUNAS,
Tantos espaços para se jogar com afinco.

Preciso deste deserto
em mim

terra pra nascer
largura para crescer
céu para voar

quando chove
saem asas dos casulos
quando chove
saem asas dos casulos
quando chove
saem asas dos casulos

Asas podem crescer para libélula ou para dragão

A semente da asa já está lá, ou a gente desenha com imaginação?

Deixo esta ideia no caderno,
volto a observar como a areia, mesmo fina,
tem uma estranha maneira de nos presentear com cristais.



sábado, 4 de abril de 2020

Terceira Semana de Quarentena

  
Terceira Semana de Quarentena



Tenho o privilégio de escutar os pássaros e meditar ao sol.

Quanto mais fraco o Wi-Fi de casa, mais resistente a teia com minha alma e a do mundo.

Entre rezas, pães e desenhos: Limpol.

Essências, verdades e limpezas são preementes.


Coisas e pensamentos encontrando seus espaços, entre espumas de sabão, abraços.


Ficar em casa:
brindar com a gente mesmo,
Pegar no chifre dos nossos medos,
cavalgar na direção do fundo,
incertamente.


Subir na asa
do nosso Dragão,
sobrevoar terras e mares doentes,
incendiar o que já não serve,
Ao Universo, a mim, aos outros,
objetivamente.


Curar com mel e erva.
Trocar de chip,
reinventar o papel higiênico.
Não comer chips,
Concretizar as metas.


Entregar um pouco do meu sol, a quem se esconde no hospital.
do vôo do dragão a quem está sem espaço mental.
do canto dos meus pássaros, aos que não têm farol.


Meditar por quem está em aflição.
Para quem não tem teto, fazer pão.
Escutar a história daquele idoso cansado, com atenção.