terça-feira, 15 de março de 2011

Eu perdi uma vida de mentira.
Eu vivi uma vida de verdade.
Por opção uso minhas coisas até o fim.
se sobra vinho posso fazer vinagre.

Na vida eu não jogo,
mas sempre (me) perco e (me) ganho.
Estou certa de que a vida é um milagre.
Por isso, meu mapa, traço com empenho,
Dama-da-noite, Jasmins, Éricas nele desenho,
para eu sentir o perfume e sempre me lembrar.

Exerço o ofício de Ser,
mas me distraio às vezes com tarefas.
Preciso crer para ver,
mas tem horas que creio com pressa.

Trabalho melhor no ócio.
Vivo intensamente quando durmo.
Meu tempo é só meu, Sou de verdade.
Nenhuma informação pode roubá-lo.
Sou só eu, e assim Sou, toda a Eternidade.

9/março/2011

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Tesouro perdido

Sei que tive pressa porque meu íntimo era inquieto e transbordante como pirata que trisca tesouro. Fui até os Confins do Mundo, gastei três botas de ferro. Ele estava lá, radiante, bem no fundo do mar. Esqueci de pedir permissão a Netuno, apressei em apanhar, correnteza levou furiosa.
Voltei ao meu reino, roí três biscoitos de ferro e me recolhi na montanha. Por três anos, cavaleiro inválido? Guerreiro pode se tornar sábio? Gastei três cajados de ferro, posso ir até os Confins do Mundo de novo, pois sou guerreiro, e guerreiro segue sua luta. Mas guerreiro, meu Deus, precisa aprender a rezar.
Sacerdotisa vele meu tempo de espera que o tesouro vem até a beira do mar. Porque tantas vezes, conquistas de espada são em vão e a Roda da Fortuna abençoa quem ajusta e agarra seu tempo com precisão.
Delonga, deserto, de novo, guerreiro aprendendo Eremita, amealhando silêncios, recebendo o tempo, olhando desconfiado para a sabedoria.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

silêncio
montanha
eu grito
e só a rocha me ouve
ninguém sabe
mas ela me gravou
para toda a eternidade
à parte
quero tudo
e mais
tudo o que tiver em mim
e mais
tudo o que tiver de ser
e mais
tudo o que tiver direito
e mais
transbordar
e ser até outra
depois de superar
eu mesma
Acordo e me despeço
nas preces envelheço
Travesseiros me tecem
Manhãs me desvanecem
De teia de aranha tenho medo
Elas não gostam das manhãs
Sei quem sou
mas sempre faltam as partes
que não sei e que ainda serão

Padeço de perguntas
Amanheço com respostas
Queria alfazema em minha face
Tempero em meu coração, arde
o que me contém
o que me derrama
Sei mesmo que sou à parte.
Desvio os galhos da trilha
Bebendo o sol enxergo a força
de meus braços
A crueza do dia me fere,
mas eu firo mais,
ele que me espere,
Anoitece, brilha minha mente
não há tempo de esquecer
minhas preces
Dia é fogo engole minha boca
Noite é dentro e beijo a sua
agora
não existe tempo
a hora.
tudo em seu tempo
em paz
deixando-se tocar
vem
às vezes até quando
a gente não quer
mais
vem
porque ausência tem
um cheiro de saudade
e ausência é
quando não vem,
quando vem no tempo errado,
desdém.
Só posso te dar
o que tenho, mas
queria te dar
o mundo inteiro
tudojunto
Castelo tem de ser de pedra. Pedra que fala. Pedra que fala já viveu muito. Pedra que fala só constrói castelo se o tempo abrir no sul e no norte junto. Pedra que fala faz castelo que ri, na terra de ninguém.