sábado, 15 de setembro de 2012

Minha-água-da-morte-minha-água-da-vida

Se de minha lacuna
eu voltar a minha casa,
se a serpente atenta
à integridade,
tropeço, flerto com ela,
mas não caio.

Se minhas mãos, meus pés, minha tez,
meus olhos, minha boca, meus ouvidos,
meu sexo, minha alma, meu coração,
iriam,
meu juízo, não.
Só segue com ardis mais densos.

Ludibria-me, pois, serpente
apenas se fores
estrategista suficiente.
Te desafio agora em duelo
sou guerreira, digo e repito,
não me entrego a teus mistérios.

Mas se por deslize meu me picares,
leias aqui carta póstuma:
Só em campo de batalha deitarei
e do teu veneno farei bálsamo.
Beberei em gotas homeopáticas:
água-da-morte-água-da-vida:
fel que me fere,
cura de minha ferida.

Se me trouxeres poção da morte
transmuto-a em elixir da vida.
Assim, vencerei,
mesmo que atingida,
mesmo se me fizeres ir
por onde não se vai.

Tu que conheces meu pecado,
minha morte, meu sexo,
prepara-te, pois
eu te conheço mais
esqueces?
Já bebi e comi muitas romãs
traga-me novas, estou sedenta.
Perdeste que moras em meu ventre
e que no Hades juntas nascemos da semente?

Depois, se te engoli
não há separação:
se me matas, te mato mais,
se me traz a vida, te tornas mais vivaz.
Compreende, pois, que somos unha e carne,
pão com manteiga, Eros e Psiquè,
corpo e mente numa só alma?

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