segunda-feira, 16 de novembro de 2015

o desorizonte entra pelo meu olho
impregnando minhas células
com o cheiro desbotado dos crisântemos

já passou das seis
nenhum cisco no vento
nenhum pássaro indo
nem sino bento
bateu.

perdi minha alma ao meio dia
não pela ausência de sombra
mais por não ter olhos nem bico
que a escuridão me engoliu no pico
da luz estonteante no meio do céu.

não como dragão que faz alarde
labaredas, cabeças, cauda, asas.
mas como serpente
sem casa, fumaça, metade da metade.

agora encerra
serpente linda
essa falta de linha
descerra a porta
do além

quem sabe
lá sou mais
aquém
mais eu
ou mais
alguém

ou quem sabe eu toque com minha tez o horizonte
e o troque de lugar
brincando com o desenho do mundo
quem sabe eu voe

e o deus que mora em minha casa
abra a janela
e sorria para mim
no verão
com perfume de jasmim

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