quarta-feira, 18 de outubro de 2017


A morte que respira
Em nós é um pífano
Afinando nossas veias
Para tocar a vida
de pronto


No inverno a vida também segue
debaixo da terra com a semente



Ainda no eterno, onde não alcanço
Ela deve caminhar, talvez mais lento
Ainda que distantes e sem tez
Nos damos as mãos no horizonte
E procuramos dar um sentido
Para os sopros.


Por isso os pífanos derramam-se
juntos em Caruaru, numa prece
Por isso meu cajueiro
quer dar flor e caju todo dia

O canto que assopra
de um lado com vida
Chega do outro
no fim
do pífano
Em dó
menor

e os filhos crescem
na primavera
tecendo as notas
que ficaram

Nenhum comentário:

Postar um comentário