ando depois de vazios
vazios absolutos são necessários
universos sem dimensões
sem cheiros sem cores
sem formas nem sons
caminho neste deserto
acompanhada da solidão
das dores e das alegrias
da minha alma antiga
não é ruim nem é bom
respiros
suspensões
ausências
para ser
sou fora de moda
sou fora do tempo
antecipo tendências
sou catavento
passado presente futuro
sou sem linha do tempo
sem noção espacial
danço sobre galáxias
que invento
tenho muitos admiradores
pessoas deslumbradas que colam em mim
ilusões, likes e rolês
preenchem a vida com avalanche
de informações externas ao ser
sempre achei besta ser tiete
prefiro chão a porcelanato
sou poucas palavras
e gosto do meu quarto
prefiro silêncio compartilhado
e quilômetros rodando no asfalto
rodovia de interior
andar, parar e dormir
com os grilos ao redor
vagalumes estrelas
barulho pingando
na barraca chuva
da madrugada malaca
cheiro de mato tocando
minha pele com marcas
antissocial
não cultivo amizades
mas gosto de esquilos
sou um pouco a sherazade
das desistórias dos mamilos
sofro de sincericídeos
numa hipócrita sociedade
que vive passando pano pra rico
sou soul e só paz
mas se mutuco me morde
Oya grita tanto que arde
não tem boi pra boy
vem todas as bruxas em alarde
este enxame pode te come
pra enjoy das cumade
O mundo sempre foi podre
e eu também tenho os meus
mas eu cultivo minhas ervas
minha arte e minhas rezas,
entendeu?
Dizem que sou estranha,
fora das curvas dos reels
durmo mais de 10 horas
na terra da produtividade vil
rego minhas plantas todos os dias
espero e medito com afinco
ouço velharias no vinil
posso ser queer
mas não tenho validade
sou foada e valho por mil
meu super poder
é ser slow e ter minha ancestralidade
é não dar conta da vida
e às vezes ser pela metade
meu super poder é ser autêntica
e isso que você deseja na verdade
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