domingo, 28 de novembro de 2010

Era inverno. Plantei uma semente, nasceu outra flor no meu caderno. Assim se fez primavera. Mas eu quis que a flor caísse e as folhas também. Deixei só os galhos arranharem o branco caderno sem folhas. Espremeu meu coração. Plantei, então, novamente flores nos galhos. Fiquei toda ipê, vivia lilás de felicidade. Meu coração afrouxou, deixei entrar os passarinhos nele. Fizeram umas casas, vilas, até cidades. Me apeguei a minha pátria lilás. Os passarinhos se foram e a cidade ficou habitada pelo vento. Ouviam-se as conversas que trazia. Tinha até gente que palpitava: era fantasma. Era abandono mesmo. Lar desfeito, flor apagada com borracha, à revelia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário