quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Para sentir, use preservativo


17/09/2016
21:59
Eu sou um ser intenso e de mente aberta. Busco me livrar de preconceitos e viver grandes emoções. Viver com adrenalina e com paz é uma equação difícil de resolver. Mas garanto que é andar com o coração na frente, a intuição no meio e a cabeça na retaguarda. Funciona? Não sei. Tem uns 37 anos e quase oito que tenho testado esta fórmula very crazy of life.
E o tema aqui é relacionamento, matéria que todo mundo repete mil vezes de ano. Estatísticas péssimas, humanidade faz um clone do homem, mas não consegue programar como se relacionar com ele.
De minhas experiências, nem muitas nem poucas, digo que na maioria das vezes andei com o coração na frente. Vocês devem estar se perguntando se deu certo, questão comum. Relacionamentos não foram feitos para dar certo, mas apenas para se viver. A vida dá certo quando estamos keep moving, em gerúndio, experimentando, aprendendo.
Eu penso ser mais válido aquele amor em que a gente se joga, onde cabe o incondicional e foda-se. Quando dizemos eu te amo sem ter certeza da resposta ou sabendo que não tem correspondência. Naquela relação em que usamos todas as cartas, todas as jogadas e em que esperamos, acendemos velas e sonhamos por anos. Ali mora o amor verdadeiro, quase desprovido de ego. Vocês vão me dizer que sou suicida. Não, sou intensa, sou inteira.  Eu amo e ponto. Se o outro me ama ou não é um problema dele e não meu. Faço meu melhor, na maioria das vezes. Quando o cara está de sacanagem, faço meus 80%, rs, porque também sou de carne e me decepciono, sim. Decepciono-me com gente que não sabe se doar, com gente sem afeto, gente seca que não gosta de trocar, que tem medo de ser frágil e de falar de seus podres. Eu me frustro com egoísmo, crueldade, mentira e superficialidade.
E quando faço meus 100% fico muito mais feliz. E com meus 150% eu explodo de felicidade. Doar amor tem retorno, vem de quem doa para o mundo e para si mesmo. Às vezes ele vem em forma de amizade, de amor universal, de auto-estima ou de aprendizado. Este é o verdadeiro motivo de se estar vivo.
O problema deste nosso tempo que cultua a liberdade e a felicidade é que as pessoas nem sabem o que significa sentir. Sentimentos são alienígenas, melhor que fiquem em Marte, ninguém quer tomar contato com um cara estranho que desvirtua a direção egoísta de nossas vidas porque sentir tem efeito colateral, a dor. Ela incomoda, tira a gente do prumo, faz pensar no sentido desta bagaça aqui. Não traz produtividade, nem felicidade garantida. Sentir não é seguro, para conjugar o verbo precisa-se de preservativo.
Assim o povo trocou o verbo amar pelo verbo foder. Foda-se é a expressão da moda e é sinônimo de liberdade. Sexo não é mais tabu, é saúde, é banal, corriqueiro, é egoísta. Eu fodo e os outros que se fodam.
Toda a troca de uma relação amorosa que culmina no ato sexual sublime e iluminado que repõe e transmuta energias é simplesmente transformado numa foda. Sem trocas, um ato maquinal, o ato de devorar pessoas, como se devora as informações na era da internet. Com direito a nudes, claro, a alma não estava lá, mas o corpo sim. Precisa registrar.
Qual o sentido desta liberdade vazia de alma? Quem é livre e feliz sem conhecer nem entrar em contato com suas emoções?
Não defendo relações tradicionais, e sim com profundidade, relações com troca de verdade. Vamos deixar que o foda-se caia de moda, a humanidade precisa evoluir. Uma dose de coragem e liguem o ama-se.

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