terça-feira, 28 de abril de 2020

estamos eu daqui
cantando pra mim
eco no abismo,
som de silêncio.
duas cadeiras:
uma cheia de mim,
outra de lembranças

converso com ela
ofereço café,
mas ela não quer
chamo pra uma dança
calada ela fica de noite
e de novo: dois de mim
e não me vejo,
pois espelho bom
não mora em mim mesmo

está você por aí
trocamos pela rede
mensagens em códigos
áudios silenciados
fotos com filtros
vídeos cortados

kkkkk
rente
na
loucura da gente
bju na tela do celular
abraço a almofada da sala
diálogo com meus quadros
danço com as echarpes
com as xícaras tomo chá
invento uns codinomes
para variar

mas quando bate a saudade
não há cadeira que chegue
nem mensagem que dê conta
de mensurar este sentir
que amarra as mãos
espreme a alma
como suco de limão
fica bagaço na garganta
faca no coração

não há cobrir de manta
que chegue
nem mar que comporte
tanta emoção

digo a você
hold on
pois este desespero
pode durar
um montão
dalhe meditação
chá de melissa
fazer em casa o pão.




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